terça-feira, 19 de abril de 2011

A catedral dos inválidos

A catedral de les Invalides é um monumento impressionante que se destaca do restante do complexo arquitetônico, mais sóbrio e com características nitidamente clásssicas. São dois andares - duas ordens arquitetônicas - encimadas por um "tambor" sobre o qual está assentada a cúpula dourada, visível de praticamente qualquer ponto um pouco mais alto de Paris.


Os dois andares principais são absolutamente clássicos, com as colunas e um frontão triangular completando o pórtico superior, além das estátuas, algumas  em nichos, e os relevos dispostos simetricamente.



As duas estátuas que ladeiam a porta de entrada representam Luís IX, ou São Luís, o rei francês que participou de duas Cruzadas e trouxe para a França sua maior relíquia: a coroa de espinhos de Cristo,...













... e Carlos Magno, o fundador da dinastia carolíngia, criador de um grande império e responsável por um período de florescimento da arte e do conhecimento que é considerado o ponto de partida para as transformações pelas quais a Europa passou a partir do ano 1000.













O "tambor" e a cúpula dourada, no alto do edifício, não são mais considerados perfeitamente clássicos: as colunas duplas que sustentam o complexo não acompanham os pontos cardeais; a cúpula é oval e decorada com adornos dourados representando troféus; em seu topo há um pequeno pavilhão enviesado em relação à fachada, cujos ângulos são decorados com colunas encimadas por estátuas. No alto de tudo uma torre pontiaguda arrematada por uma cruz. Todo esse furor decorativo, além do metal dourado que torna o Invalides uma referência ao se avistar a cidade de cima, já é considerado um prenúncio do barroco.


A porta de entrada segue o mesmo princípio de decoração que demonstra poder e opulência: em sua parte fixa, o dourado predomina, seja em florões, imagens de anjos, escudos ou na flor-de-lis. 
























E a porta propriamente dita é de madeira inteiramente dourada, com um padrão de flores-de-lis e o escudo com as letras indicativas de Saint-Louis encimadas por um anjinho tipicamente barroco.








Vista por dentro, a cúpula é igualmente impressionante, com a luminosidade que entra pelas janelas e destaca o dourado da estrutura interna e as pinturas, verdadeiros quadros encimados pela cena central, em que se destaca um anjo portando a coroa de espinhos.


Outra cúpula que chama a atenção é a que fica sobre o esquife de José Bonaparte, irmão mais velho de Napoleão que foi coroado como rei da Espanha no período das invasões napoleônicas.














Apesar de menos impressionante do que a principal, essa cúpula segue o mesmo estilo, com elementos clássicos e barrocos, do qual se destacam a expressividade das figuras representadas e uma maior quantidade de linhas curvas e sinuosidades. 






Aliás, a catedral é um verdadeiro mausoléu, pois lá estão o túmulo de Sébastien Vauban, um arquieto militar francês responsável por tornar o reino de França impenetrável aos invasores durante o governo de Luís XIV...

... e do Marechal Foch, um dos grandes heróis franceses da 1ª Grande Guerra, responsável por vitórias decisivas que impediram a invasão de Paris pelos exércitos alemães.


Mas evidentemente, o esquife mais importante fica bem abaixo da cúpula principal, numa espécie de subsolo já visível por uma grande abertura circular que chama a atenção assim que se entra na catedral,...


... fazendo com que os turistas se debrucem para visualizar o túmulo - pouco exagerado - de Napoleão Bonaparte.