quarta-feira, 21 de março de 2012

A Ópera de Paris

Da Galeria Lafayette ao edifício da Ópera a distância é bem pequena, mas sob o sol escaldante que fazia, não foi a caminhada mais agradável que fiz em Paris, principalmente porque aquela região é bastante movimentada, não apenas em relação aos carros, mas ao fluxo de pessoas pela calçada. Chegando lá tentei encontrar Luís e Ivan, conforme havíamos combinado... e nada!

Considerando que esperar debaixo de sol não seria a melhor coisa a fazer, paguei o ingresso (bem "salgado", por sinal, o mais caro entre todos os passeios que fizemos) e entrei.

O acesso aos andares superiores é feito por uma grande escadaria dupla, sob a qual há uma estátua e luminárias imitando velas. Impressionante o cuidado com os detalhes, como se percebe pelo teto sobre a estátua que, na verdade, é a parte de baixo do primeiro patamar das escadas.






















A partir da base da escadaria, a vista dos balcões, corredores abertos, colunas, lustres e detalhes decorativos é magnífica.


Impressionante também é o Grand Foyer, aposento destinado a acolher espectadores de todas as categorias sociais.
















Apesar de ter sido inspirado no Salão dos Espelhos de Versalhes, esse Foyer apresenta uma quantidade muito maior de elementos decorativos, o que é característico do estilo eclético, predominante na arquitetura da metade do século XIX ao início do século XX. A própria palavra ecletismo indica a liberdade de escolher o que se acha melhor, seja em arte ou filosofia, "casando" estilos que normalmente seriam incompatíveis. Portanto, a proposta do estilo era a criação de uma nova linguagem arquitetônica elaborada a partir da mistura de elementos dos estilos anteriores.

No caso específico da França, oi desenvolvimento do ecletismo foi responsabilidade das Academias de Belas Artes, e os estilos que compuseram essa nova linguagem foram, predominantemente, os da arquitetura renascentista, barroca e neoclássica. O objetivo era expressar a grandiosidade da época em que se vivia, as conquistas burguesas, as invenções e descobertas científicas que demonstravam a absoluta superioridade do homem branco europeu burguês capitalista sobre quaisquer outras populações, por meio de uma ornamentação que para nós, hoje, é até exagerado.

Vale lembrar que, com as devidas adaptações, esse é o estilo que predomina nos prédios da região central de São Paulo, onde podemos ver um edifício com um arco romano na fachada e janelas com arco ogival no andar de cima.


Mesmo nos pequenos detalhes, como portas internas, pisos e decorações de tetos, é possível perceber o gosto pela ostentação, típico do período em que o edifício foi construído.















Apesar do desejo de conhecer o salão principal, com o enorme lustre que pesa toneladas e a pintura de Chagall no teto, bem como as passagens subterrâneas que insipiraram a narrativa do Fantasma da Ópera, não foi possível fazer nada disso, pois estavam ocorrendo ensaios para um espetáculo próximo e a entrada de visitantes não era permitida.

Além disso, não consegui localizar Ivan e Luís dentro do prédio, o que não teria sido tão difícil, já que o espaço aberto à visitação era bastante restrito. Considerando ainda que havíamos marcado com a Carol e o Yuri, amigos do Ivan, de nos encontrarmos para o almoço, considerei que era hora de partir. Chorando os euros que havia gasto para entrar, acabei me retirando da Ópera sem ver a maior parte do que seria interessante.

Já do lado de fora, encontrei os dois rapazes suando ao sol, mas tendo feito todo um percurso do lado de fora do prédio. Eles acharam que não valia a pena pagar o preço exigido para entrar e se contentaram com as maravilhas que podiam ser apreciadas externamente.