Seguindo nosso caminho em direção ao Opera, passamos por mais uma bela igreja, dessa vez mais parecida com as que vemos aqui em São Paulo, cercada por ruas movimentadas e edifícios comerciais.
Era a igreja da Trindade, perto da qual paramos para verificar, num mapa turístico, se estávamos no rumo certo. Comecei a reclamar que faltava no mapa a tradicional indicação do "Você está aqui", quando ouvi uma voz conhecida dizer em bom português: "Só podia mesmo ser a Iara, brava desse jeito." Todos nós nos viramos pra olhar e foi muito gostoso encontrar um colega de trabalho que estava passeando com a esposa.
Conversa vai, conversa vem, acabamos seguindo nosso caminho e resolvemos nos separar: Rejane, Natália e eu queríamos dar uma olhada nas famosas Galerias Lafayette. Ninguém pretendia comprar nada, que consumismo não é a nossa praia, mas eu tinha ouvido falar que o prédio onde a galeria está instalada possui vitrais maravilhosos. Luís e Ivan decidiram ir diretamente ao edifício da Ópera de Paris e combinamos de nos encontrar por lá.
Ainda bem que nosso foco era mesmo a arquitetura do local, porque o impacto inicial não foi nada positivo. No andar térreo as lojas são verdadeiros stands organizadas em corredores estreitos. Do jeito que o lugar estava lotado, parecia mais uma 25 de março chique. Como meu interesse não eram os produtos à venda, ergui os olhos e fui recompensada com a maravilhosa visão dos detalhes da estrutura e da decoração dos andares superiores.
Os detalhes decorativos são fantásticos, todos de uma delicadeza ímpar, e um excelente trabalho de harmonização de cores.
O domo da galeria é arrematado por um vitral magnífico, cujos detalhes lembram as cores e formas das penas da cauda de um pavão.
Pra não dizer que não compramos nada, fomos para a sessão de bebidas onde encontrei alguns xaropes que meu sobrinho, formado em gastronomia, utiliza para preparar uns drinques diferentes. Como no Brasil é mais difícil encontrá-los, bem como no free shop, aproveitei para não sair das famosas Galeries de mãos abanando. Tendo comprado tudo o que havia me proposto, resolvi seguir para o Opera. Natália e Rejane ficaram mais um pouco na galeria, xeretando as possibilidades.
O edifício onde funciona a Ópera de Paris é também conhecido como Palais Garnier, em homenagem ao arquiteto que planejou e supervisionou a tumultuada construção do local. A pedra angular do palácio foi colocada em 1861 e a inauguração oficial só ocorreu quatorze anos depois, sendo que, nesse meio tempo, Luís Napoleão tornou-se presidente e depois imperador francês; foi travada a guerra franco-prussiana, com a derrota da França e deposição de Napoleão III, e a Comuna de Paris se instalou e foi brutalmente reprimida.
O letreiro da fachada, indicando Academia Nacional de Músca, deve-se às inúmeras mudanças pelas quais passou o nome do local, de acordo com a organização do poder: império, república, comuna... O nome escolhido antes mesmo da conclusão do edifício foi "Academia Imperial de Músca", alterado para "Teatro Nacional de Ópera" até 1939, quando recebeu o título atual.
A primeira visão do edifício, porém, a partir da Galeria Lafayette, era da parte de trás, por onde era possível ver, ao longe, sobre o alto da empena sul, um grupo escultórico representando Apolo, Poesia e Música, ladeado por dois enormes pégasos de bronze.