sábado, 19 de maio de 2012

Adieu, Paris!

Porém, apesar de todo o seu encanto, o edifício da Ópera não tinha mais como nos segurar: ainda era necessário almoçar, voltar ao hotel para pegarmos as malas e aguardar o ônibus da agência que nos levaria ao aeroporto. O calor também não dava trégua, fazendo com que a expectativa de qualquer coisa gelada nos animasse a seguir para o almoço. Nos despedimos do Palais e seguimos para o ponto em que estavam Rejane e Natália.

 















Encontramos a Carol, o Yuri e o Renan no Cafe Bastille e lá mesmo fizemos nossa última refeição em solo francês. O Ivan aproveitou para saborear um canard (pato) e o Luís encerrou tudo com um belo sorvete.





















Voltamos a pé para o hotel e, conforme havíamos planejado, pegamos as camisetas limpas que havíamos deixado na bagagem de mão para trocar pelas que havíamos usado o dia todo debaixo daquele sol escaldante. Cada um de nós entrou, por sua vez, no banheiro de hóspedes que havia próximo a recepção, dando um jeito de se limpar e refrescar contando apenas com uma pia. Apesar de estarmos sonhando com um banho, foi o que deu pra fazer, e apesar do banheiro ficar "um pouco" alagado (o Luís, último a utilizá-lo, acabou dando uma de faxineiro com o papel toalha e a própria toalha que seria lavada aqui no Brasil), no final estávamos bastante apresentáveis para aguardar o translado para o aeroporto.

No percurso, já começamos a sonhar em quando iríamos voltar, imaginando tudo o que não havíamos visto e todos os lugares que gostaríamos de ver outra vez.


Mesmo não sendo consumistas, todos nós gostamos de comer e beber bem, por isso a visita ao free shop ficou praticamente restrita a queijos, champagne, mostarda de Dijon e chocolate.

Apesar de já estarmos pensando na próxima viagem, o cansaço era tanto que nem reparamos nas 12 horas de voo e além do serviço de bordo, só fomos acordar ao chegarmos em Cumbica.

Maravilhas do edifício da Ópera

Da mesma forma que a Notre-Dame e outros monumentos arquitetônicos de Paris, a Ópera apresenta tanto o que apreciar do lado de dentro quanto do lado de fora, incluindo até mesmo o gradil em volta do edifício, que remete à música, com o detalhe em forma de lira.


















Arrematando as fachadas esquerda e direita do prédio, há duas estátuas douradas:

a Harmonia, sobre o arco representativo da coreografia,



















... e a Poesia, sobre o arco da poesia lírica.



















Correspondendo a essas estátuas, mas no nível do chão, há duas entradas em arco ladeadas por grupos escultóricos que representam a Poesia ou a Harmonia (dependendo da fonte, considera-se uma ou outra),

... a Música Instrumental,


... o Drama Lírico, com sua vítima agonizante,






... e a Dança, considerada uma escultura tão indecente que um indivíduo anônimo, indignado com a nudez dos personagens, lançou um vidro de tinta (dos que eram usados para as canetas-tinteiro de antigamente) sobre a obra na noite de 26 para 27 de agosto de 1869.

A riqueza de detalhes arquitetônicos e escultóricos não se limita à fachada principal, mesmo no acabamento de janelas superiores que ficam na parte de trás do edifício, nota-se o cuidado com o acabamento e as referências à arte clássica, como as máscaras típicas do teatro grego.


Essas máscaras, aliás, são encontradas decorando vários pontos da Ópera, algumas vezes representadas de forma mais realista, como faces de mulheres. Um desses conjuntos ladeia o busto de Atena, reconhecida pela figura da Medusa colocada como um broche sobre seu peito.

Mas nem só da mitologia greco-romana vêm a inspiração para "povoar" o Palais Garnier: bustos de bronze de grandes compositores também  têm seu espaço entre as colunas da fachada, onde podemos identificar Beethoven e Mozart, com as datas dos respectivos nascimento e morte.


Curiosas são as máscaras colocadas no acabamento do telhado, em dourado. De longe parece um rendilhado, mas olhando-se com atenção, é possível perceber que são várias máscaras com expressões diversas, novamente remetendo à atividade teatral.

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Ópera de Paris

Da Galeria Lafayette ao edifício da Ópera a distância é bem pequena, mas sob o sol escaldante que fazia, não foi a caminhada mais agradável que fiz em Paris, principalmente porque aquela região é bastante movimentada, não apenas em relação aos carros, mas ao fluxo de pessoas pela calçada. Chegando lá tentei encontrar Luís e Ivan, conforme havíamos combinado... e nada!

Considerando que esperar debaixo de sol não seria a melhor coisa a fazer, paguei o ingresso (bem "salgado", por sinal, o mais caro entre todos os passeios que fizemos) e entrei.

O acesso aos andares superiores é feito por uma grande escadaria dupla, sob a qual há uma estátua e luminárias imitando velas. Impressionante o cuidado com os detalhes, como se percebe pelo teto sobre a estátua que, na verdade, é a parte de baixo do primeiro patamar das escadas.






















A partir da base da escadaria, a vista dos balcões, corredores abertos, colunas, lustres e detalhes decorativos é magnífica.


Impressionante também é o Grand Foyer, aposento destinado a acolher espectadores de todas as categorias sociais.
















Apesar de ter sido inspirado no Salão dos Espelhos de Versalhes, esse Foyer apresenta uma quantidade muito maior de elementos decorativos, o que é característico do estilo eclético, predominante na arquitetura da metade do século XIX ao início do século XX. A própria palavra ecletismo indica a liberdade de escolher o que se acha melhor, seja em arte ou filosofia, "casando" estilos que normalmente seriam incompatíveis. Portanto, a proposta do estilo era a criação de uma nova linguagem arquitetônica elaborada a partir da mistura de elementos dos estilos anteriores.

No caso específico da França, oi desenvolvimento do ecletismo foi responsabilidade das Academias de Belas Artes, e os estilos que compuseram essa nova linguagem foram, predominantemente, os da arquitetura renascentista, barroca e neoclássica. O objetivo era expressar a grandiosidade da época em que se vivia, as conquistas burguesas, as invenções e descobertas científicas que demonstravam a absoluta superioridade do homem branco europeu burguês capitalista sobre quaisquer outras populações, por meio de uma ornamentação que para nós, hoje, é até exagerado.

Vale lembrar que, com as devidas adaptações, esse é o estilo que predomina nos prédios da região central de São Paulo, onde podemos ver um edifício com um arco romano na fachada e janelas com arco ogival no andar de cima.


Mesmo nos pequenos detalhes, como portas internas, pisos e decorações de tetos, é possível perceber o gosto pela ostentação, típico do período em que o edifício foi construído.















Apesar do desejo de conhecer o salão principal, com o enorme lustre que pesa toneladas e a pintura de Chagall no teto, bem como as passagens subterrâneas que insipiraram a narrativa do Fantasma da Ópera, não foi possível fazer nada disso, pois estavam ocorrendo ensaios para um espetáculo próximo e a entrada de visitantes não era permitida.

Além disso, não consegui localizar Ivan e Luís dentro do prédio, o que não teria sido tão difícil, já que o espaço aberto à visitação era bastante restrito. Considerando ainda que havíamos marcado com a Carol e o Yuri, amigos do Ivan, de nos encontrarmos para o almoço, considerei que era hora de partir. Chorando os euros que havia gasto para entrar, acabei me retirando da Ópera sem ver a maior parte do que seria interessante.

Já do lado de fora, encontrei os dois rapazes suando ao sol, mas tendo feito todo um percurso do lado de fora do prédio. Eles acharam que não valia a pena pagar o preço exigido para entrar e se contentaram com as maravilhas que podiam ser apreciadas externamente.