Descemos, portanto, já nos preparando para uma subida dura, e fomos em frente. A vantagem é que há vários pontos intermediários onde vale a pena parar para observar a vista da cidade ou os detalhes arquitetônicos e decorativos da Sacré-Coeur, como uma gárgula para escoamento de água no formato de um bode.
Não é difícil entender o porquê desse animal no mesmo lugar em que há criaturas monstruosas em outras igrejas, ao nos lembrarmos que o bode simboliza a luxúria, um dos pecados capitais. Não é por acaso que o diabo tem cascos e, muitas vezes, os próprios chifres de bode.
Essas paradas no meio do caminho são providenciais para um descanso, porque os degraus são muitos e bastante íngremes. Além disso, por esse trecho ser de escadaria externa, o fedor de cocô de pombo é desesperador: a pessoa tenta respirar fundo pra conseguir ar suficiente para mais um trecho de subida e o nariz é agredido instantaneamente.
Porém, nada que não seja compensador, tanto pela vista maravilhosa que se tem de Paris quanto pelos detalhes arquitetônicos que são impossíveis se visualizar lá de baixo.
Continuamos a nossa jornada, agora por uma escadaria interna que dava até uma sensação claustrofóbica, tão estreito o espaço e tão contínua a espiral.
Enfim, chegamos ao topo, de onde pudemos apreciar uma magnífica vista da cidade de Paris...
... e o campanário (torre que abriga os sinos de uma igreja), que fica na abside da basílica ("cabeceira" da igreja, onde fica colocado o altar) e abriga um dos maiores sinos do mundo, com 3m de diâmetro e cerca de 26 toneladas.
Estávamos entretidos, observando as estátuas que decoram a parte superior do campanário, como anjos portando tábuas com imagens que não conseguimos identificar, quando percebemos que, acima deles, estavam nossos velhos conhecidos: os evangelistas!
A partir do domo, só foi possível enxergar os dois que estavam do mesmo lado do campanário: o Leão (Marcos) e o Boi (Lucas).
Abaixando o olhar, podíamos ver o telhado da parte posterior da igreja, decorado com um grupo em bronze onde se destacam um anjo, portando um estandarte, e a seus pés, um crocodilo atravessado por uma espada.
Ficamos sem saber qual o significado do grupo, mas depois que voltamos de viagem, uma pesquisa indicou que o braço direito de Lúcifer, entre a legião de demônios que ele comanda, é Agaures, que ensina línguas e faz com que os espíritos terrestres dancem, distraindo seus inimigos. Ele geralmente se apresenta como um nobre senhor, sempre montado a cavalo, trazendo no braço um falcão e levando consigo um crocodilo.
Será que a estátua representa o bichinho de estimação desse grão-duque sendo abatido por um dos anjos guerreiros do Senhor?
E bota eclética: havia também aquela fênix e aquele já nosso conhecido/mencionado pelicano.
ResponderExcluirPena que a cripta não estava aberta, não é mesmo?
Ah! Foi lá no domo que tiramos a nossa única foto com todos juntos! Lembram-se? Mal posso esperar para revê-la aqui no blog!