sábado, 12 de fevereiro de 2011

Deuses e o jantar. Ou jantar dos deuses?

Numa das últimas salas com esculturas greco-romanas que visitamos, era flagrante a diferença entre a beleza despojada das obras da Antiguidade e os ornamentos cheios de artifícios da arte neoclássica.




Por exemplo, havia uma estátua de um menino esganando (não afogando!) o ganso que era perfeita em termos de expressividade e movimento sem que houvesse elementos decorativos ou rebuscamento.













Em compensação, a lareira da sala, que foi construída quando o Louvre servia de residência a reis e imperadores, é repleta de detalhes decorativos.


O curioso é que esses detalhes seguem um padrão, ou seja, não é como na arte gótica em que cada detalhe tem uma característica específica. Nos portais da Notre Dame, por exemplo, há inúmeros anjos, profetas e santos nas arquivoltas, mas se percebe que cada um deles possui uma particularidade, não é como se tivesse sido criado um molde para que suas cópias fossem distribuídas no espaço a elas destinado. Já na arte neoclássica predomina a simetria e os elementos decorativos seguem um padrão definido, de acordo com a racionalidade prevalente nesse momento histórico.









Na sala havia também uma bela estátua do deus Pã...

















... e outra, maravilhosa, de Ártemis/Diana, a deusa caçadora, com sua corça de chifres de ouro. Detalhe: eram quase nove horas da noite e o sol estava firme e forte, iluminando as estátuas.










Certamente não iríamos deixar de apreciar - e fotografar - uma estátua tão significativa para o Luís quanto a de um centauro. Isso porque num de nossos jogos de RPG, era esse o personagem assumido por ele.


A alternância de peças clássicas e neoclássicas era constante, como no caso do mosaico...


... ou do trono em mármore, decorado com figuras de inspiração grega.


Passamos também por uma reprodução do templo de Zeus em Olímpia, uma das sete maravilhas do mundo antigo...


... e por um belíssimo grupo (peça de escultura onde são representadas várias figuras) das Três Graças.


Chamadas de Cárites na mitologia grega, as graças representam o Amor (charitas, que é a caridade no sentido de compaixão, e não de simplesmente dar uma esmola material. A partir do Renascimento esse amor passa a ser identificado como relativo à graça de Deus), o Prazer (voluptas, satisfação geralmente ligada aos sentidos) e a Beleza (pulcritude, que também é associada a ideia de gentileza). As figura das três moças pode também ser relacionada com o Dar, Receber e Agradecer.

Conforme havíamos combinado, nos encontramos no saguão às dez horas, horário de fechamento do Louvre. Ainda em estado de graça por toda a beleza e perfeição artística que tínhamos apreciado, retornamos ao "nosso" bairro e resolvemos seguir direto para um restaurante, porque depois de termos andado tanto, se passássemos primeiro no hotel acabaríamos ficando por lá.

Escolhemos um restaurante próximo ao bar do Pierre, que já havíamos notado em outras passadas pelo local, e que nessa noite estava bastante movimentado: era 7 de julho, dia do jogo entre Espanha e Alemanha na semifinal da Copa do Mundo. Até havia alguns franceses com chapéus e bandeirinhas alemãs, mas logo percebemos que era só pra fazer gozação, pois há uma rixa histórica entre França e Alemanha desde a segunda metade do século XIX, pelo menos, e no futebol ela continua firme e forte. Mais ou menos como a rivalidade entre Brasil e Argentina...

Enquanto ainda estávamos escolhendo o que pedir, o jogo acabou e o local ficou mais tranquilo, o que só contribuiu para que pudéssemos saborear melhor um jantar fantástico: a típica carne mal passada francesa, acompanhada da mostarda de Dijon. O sabor é incomparável! Para completar, tarte tatin, uma torta de maçã simplesmente deliciosa. 

Satisfeitos de corpo e espírito, seguimos direto pro hotel, pois no dia seguinte ainda havia muita coisa pra aproveitar.

2 comentários:

  1. Esqueci de mandar as fotos que tirei com o celular das esculturas lindas do Napoleão que eu vi :(

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