sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Sorte de principiante

Já havia passado um pouco do horário do encontro com a Carol, e nada. Estávamos todos com calor e com muita fome, mas acabamos concordando com o Ivan de que deveríamos aguardar ao menos por mais meia hora. Próximo do Arco havia alguns quiosques que vendiam sanduíches e salgados, mas talvez, por já estar em Paris há alguns meses, a Carol conhecesse algum lugar mais interessante, portanto, continuamos aguardando.

Olhando para a pirâmide do Louvre à nossa frente e mais o monte de gente que estava na praça, só ficamos imaginando a maravilha que ia ser ficar na fila um tempão debaixo de sol. Aí a sede apertou, o que fez com que o Luís e a Rejane resolvessem entrar por um acesso ao subsolo - sabe-se lá o que haveria lá embaixo! - para ver se havia lanchonete, banheiro, essas instalações de primeira necessidade. 

Os dois voltaram com água e bastante animados: no subterrâneo ficava o "Carrousel du Louvre", uma espécie de pequeno shopping center ou galeria, com várias lojas e uma boa praça de alimentação. O Ivan teve a ideia de tentar entrar em contato com a Carol por um telefone público e, enfim, saímos do calor.

Fizemos um percurso de reconhecimento do local e encontramos algumas máquinas que vendiam ingressos para o Louvre, bastante semelhantes às que vendiam passagens no metrô. Elas funcionavam com cartão e nos atrapalhamos um pouco com as instruções, mas de um jeito ou de outro, fomos em frente. Na hora em que foi indicado o preço, ficamos na maior dúvida: será que é esse mesmo ou comprando na máquina haverá algum acréscimo? Na dúvida, acabamos abortando a operação e fomos atrás do telefone público. O problema foi conseguir fazê-lo funcionar: uma das indicações no aparelho esclarecia que ele funcionava com cartão. Tentei o meu, internacional, e nada! Outra informação indicava como fazer a ligação a cobrar. Tentamos, e também não deu certo.

Enquanto Ivan e eu lutávamos com o telefone, os outros três, circulando por perto, encontraram uma tabacaria em cuja vitrine havia um adesivo informando que ali eram vendidos ingressos para o Louvre. O Luís, como bom brasileiro, escolado em escapar de trambiques, ficou ligeiramente desconfiado... seria verdadeiro? Mas ali, "na boca" do Museu, dificilmente algum comerciante conseguiria ficar muito tempo vendendo ingressos falsos. Rejane e Natália vieram falar conosco, que a essa altura já havíamos desistido de contatar a Carol, e nós todos compramos nossos ingressos (por sinal, no mesmo valor cobrado na máquina).

Antes de nos dirigirmos à praça de alimentação, resolvemos procurar um banheiro, até porque seria muita falta de higiene almoçar sem antes lavar as mãos. Os rapazes encontraram um banheiro masculino facilmente, dos comuns e básicos, e nós três demos de cara com uma pequena fila num local indicado como toillete, mas que parecia uma loja.

O local ficava ao lado de um dos lances das largas escadas que havia no shopping e tinha uma entrada com vitrines cheias de objetos coloridos. Além disso, conseguimos ver que internamente não havia um corredor com vários boxes, e sim gôndolas e estantes nas paredes, todas cheias de produtos. Claro que uma de nós avançou até onde havia uma espécie de segurança para confirmar se ali era o toalete, e ao receber a resposta afirmativa, voltou para aguardar na fila, cada vez mais encafifada.

A resposta do mistério? Trata-se da "Point WC Paris", uma empresa de banheiros japonesa que não apenas oferece a comodidade de um local limpinho e perfumado - as atendentes, de terninho preto e devidamente maquiladas, entram após cada cliente utilizar o banheiro e limpam e desodorizam todo o espaço com os produtos da própria loja, incluindo maçaneta, comando da descarga e uma enxugada na pia -, mas também vende os produtos mais esdrúxulos para banheiro. Há papel higiênico de todas as cores imagináveis, incluindo o preto, e com as estampas mais diversas; material para quem gosta de ler no banheiro, como "O grande livro do pequeno canto"; escovas de limpar privada com haste e apoio em aço inox, ou então em cerâmica, com a forma de um gato sentado; sabões líquidos com vários tipos de fragrâncias e embalagens criativas; papeis de parede e até projetos para fazer construir o banheiro da Maria Antonieta na sua casa!

Tudo bem que para utilizar o toalete tinha-se que pagar €1.00, mas valeu a pena para ver algo tão diferente. E o mais divertido foi sairmos com a maior cara de descoladas, vendo as outras mulheres na fila com a mesma cara de "será que eu estou no lugar certo?" que estávamos antes de entrar.

Próxima parada: praça de alimentação. O lugar era bem amplo e com muita variedade quanto ao tipo de comida, além de ter um preço bem em conta. O Ivan manteve o foco na tradição francesa e comeu uma quiche, eu preferi uma paella e os demais se divertiram com outras opções.

Recarregadas as baterias, agora era hora de enfrentar a fila para chegar ao Louvre. Fomos seguindo as placas indicativas da direção a tomar para se chegar ao Museu e, de repente, demos de cara com a pirâmide invertida.


A visão nos animou bastante e seguimos por um corredor largo, do mesmo tipo dos que havia no shopping. A certa altura havia uma máquina de verificar bagagens com raio-X, como as de aeroporto e a que encaramos ao visitar a Sainte-Chapelle. Colocamos nossas bolsas e mochilas, sem parar de conversar, pegamos tudo do outro lado, ainda papeando, e então nos vimos num ENORME saguão, iluminado pela luz natural de uma imensa pirâmide acima dele, e descobrimos que já estávamos no Louvre!


Fomos pegar os folhetos com o mapa do Museu e o Luís ficou tão entusiasmado por já estarmos onde ele queria tanto visitar, que acabou dando um abraço numa das moças uniformizadas que auxiliam os visitantes, aproveitando-se do fato dela falar português.

Faltavam cerca de dez minutos para as 16h e sabíamos que, nesse dia (quarta-feira) o horário do Louvre vai até às 22h. Mesmo assim teríamos que selecionar o que ver, tanto pela quantidade de obras expostas, quanto pela forma como gostamos de observar e realmente curtir as peças. E para ninguém ficar "amarrado", tendo que aguardar alguém mais lento ou precisando se apressar quando gostaria de apreciar uma obra com mais cuidado, resolvemos que cada um seguiria de acordo com a própria vontade. Marcamos de nos encontrar novamente no mesmo saguão às 19:30h para saber se iríamos continuar a visita ou se alguém preferiria seguir para o hotel, e então adentramos o mundo maravilhoso das artes.

5 comentários:

  1. Como assim, Iara?

    Sorte de iniciante que nada!!!

    Esclareço:

    1º) O Louvre era, oficialmente, “a escolha do Luís”. Certo?

    2º) Eu, Luís, sou um legítimo sagitariano! Lembra-se?

    3º) Para aqueles que ainda não sabem (Parece que você se esqueceu disso, Iara.): todo sagitariano é abençoado pelos deuses; sem falar que o universo todo conspira a nosso favor. Isso é um fato.

    Esclarecimentos feitos, a conclusão é óbvia: tudo daria mais do que certo!!! É claro que usamos aquela... “entrada por baixo” (hehehe). Uma beleza! Todos aprovaram. Nem pegamos fila para entrar no Louvre, não é mesmo?

    Ah! Dentre tannnnnnnnnnntas maravilhas (que, até então, só havíamos visto em livros/filmes) qual seria a preferida de cada um? Difícil, né?

    Apesar das "trocentas" obras mesopotâmicas, egípcias, persas, fenícias, cretenses, etruscas, gregas e romanas... talvez a minha preferida seja a Vitória da Samotrácia... magnífica e imponente... com suas asas abertas... estrategicamente colocada no alto de uma escadaria de uma das alas do Louvre, ressaltando ainda mais a sua opulência, à medida que subíamos os degraus.

    Bem... mal posso esperar para o próximo post, em que poderemos ler sobre tudo o que vimos lá, principalmente (mas não exclusivamente) quanto ao período da Antiguidade.

    Abraços!

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  2. Iara e pessoal,

    A seguir, transcrevo um texto/trecho que acabei de ler/descobrir e que comprova o estado de graça com o qual nós, sagitarianos, somos agraciados em nossas carismáticas existências.

    Museu do Louvre: "A melhor maneira de driblar as multidões é usar a entrada pouco conhecida que fica no Carroussel du Louvre." (Guia Visual de Bolso - Folha de São Paulo - Paris, p.6)

    Pois é, nas minhas próximas idas ao Louvre, já conheço, desde sempre, naturalmente, por mera simpatia dos deuses, o melhor caminho!

    Se quiserem, divulguem... mas... aos amigos (hehehe)!

    Cá entre nós... o que teria sido esperar naquela fila "lá de cima" para entrar no Louvre? Ainda mais com aquele calor todo na cabeça! Eu, hein!

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  3. Pois é, fora que, além do calor, perderíamos um tempo precioso e não teríamos visto tudo o que conseguimos ver.

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  4. Vcs realmente estão contribuindo com informações importantes: comprar o ingresso na tabacaria e ir por baixo. Excelente dica. O Luís disse que irá voltar. Estamos agendando nossa viagem para abril ou agosto de 2012. Quem sabe vcs se animam?

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  5. Sonia,
    querer bem que a gente quer, mas como Luís e eu somos professores, temos que optar apenas entre janeiro e julho, não tem jeito...
    De qualquer forma, valeu o convite!

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