sábado, 22 de janeiro de 2011

A Conciergerie

O caminho interno entre a Sainte-Chapelle e a Conciergerie passava pelo pátio do Palácio da Justiça e, enfim, pudemos fotografar à vontade o portão decorado em dourado que havíamos visto da rua, agora sem tanta gente passando por sua frente, o que fez a felicidade da Natália.






Além do portão cheio de detalhes, havia também postes com luminárias que imitavam os lampiões que devem ter sido usados originalmente no local.



 
 
 
 
 
 
 
 
O Palácio da Justiça atualmente abriga a Corte de Apelação e a Corte de Cassação de Paris e o local de onde fizemos as fotografias é o Pátio de Maio, onde estacionavam as carroças com os condenados à guilhotina no período do Terror, durante a Revolução Francesa.
 
 
 

 
Quem era acusado de inimigo da Revolução sem o ser, provavelmente consideraria uma ironia os dizeres que se destacam na fachada, sob as cores da França.

 

A partir do pátio, descendo por uma escada, entramos na Conciergerie, que não é oficialmente um castelo nem um palácio, mas com suas torres redondas, a Torre do Dinheiro, onde ficava o Tesouro Real, e a Torre César, assim chamada por ter sido construída sobre fundações romanas, é uma construção impressionante.


A Île de la Cité, onde fica a  Conciergerie, é o centro da capital francesa e onde a Paris medieval foi fundada. No século VI, após a queda do Império Romano e as invasões dos povos germânicos, Clóvis conseguiu unificar as diversas tribos francas sob seu domínio tornando-se o primeiro rei, e nesse local construiu sua residência real. Cinco séculos depois, Hugo Capeto, rei fundador da dinastia que levou seu nome, estabeleceu no local a Curia Regis (Conselho Real). No século XIV, o rei Felipe IV, também conhecido como Felipe, o Belo, deu continuidade à obra iniciada por seu avô, Luís IX, o São Luís, responsável pela construção da Sainte-Chapelle, reforçando as duas torres, construindo novas salas e fazendo do complexo arquitetônico o símbolo da monarquia francesa. 


Ainda no século XIV foi construída, no ângulo nordeste do complexo, a Torre do Relógio, onde foi instalado o primeiro relógio público de Paris. Em 1585 houve uma substituição pelo relógio criado por Germaine Pilon, famoso relojoeiro da cidade, com alegorias representando a Lei e a Justiça, que permanece no local.







Entrando na Conciergerie, o primeiro local que visitamos foi a Sala das Pessoas das Armas (Salão das Gens d'Armes), uma sala impressionante, com 64m de comprimento, 27 de largura e 8,5 de altura, o maior exemplo de sala civil medieval na Europa.


Construído entre 1302 e 1313, era utilizada originalmente como refeitório pelos 2.000 soldados e serviçais que atendiam ao rei, por isso as quatro gigantescas lareiras que eram utilizadas não apenas para aquecer e iluminar o local, mas principalmente para cozinhar.


Na época em que havia um salão de gala no primeiro piso do que ainda era um palácio, onde eram realizados os banquetes, subia-se até ele por meio de uma escada em caracol que permanece num dos cantos desse grande salão, próxima ao pavilhão das cozinhas.
O hall de entrada original, também chamado de Sala dos Guardas, já que não era qualquer um que ia chegando e entrando no palácio real, foi construído no mesmo período que o salão das Pessoas das Armas e tinha um acesso para a  Grande Sala, no andar superior, onde o rei reunia o Conselho e presidia os tribunais.

Quando tem início a Revolução Francesa, os revolucionários assumem o controle da Conciergerie, que é transformada na principal prisão de Paris. Um pedaço do Salão des Gens d'Armes tem seu piso elevado e é separado do restante do aposento e dividido em pequenas celas para os prisioneiros do sexo masculino.

O espaço que se tornou o corredor dos prisioneiros foi dividido a meia altura para possibilitar a construção de mais celas no andar superior. No inferior ficavam a sala do escrivão, que tinha por obrigação registrar todos os movimentos dos prisioneiros...
... do zelador (concierge), que era uma espécie de carcereiro...
... e uma sala onde se despojavam os condenados de seus objetos pessoais antes da execução. O mais interessante é que além desses espaços serem reconstruídos, há bonecos no lugar das pessoas que os ocupavam.

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