segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A vingança do Luís

Saímos do bateaux felizes e tranquilos, comentando ainda sobre o que tínhamos visto, e seguimos para a van sem qualquer pressa. Demoramos um pouco para encontrar o sr. Marques, porque havia muitos guias aguardando os grupos que tinham feito o passeio, mas havia sido muita ingenuidade nossa achar que as Gap Girls chegariam primeiro. Se o padrão delas era o atraso, por que exatamente nesse momento iriam cumprir o horário? Claro que não! Devem ter parado na lojinha ou qualquer outra coisa do gênero, de modo que nos acomodamos na van como quisemos.

Rejane e eu, que éramos as mais idosas do grupo - tirando o guia - nos aboletamos no banco da frente, junto com o sr. Marques. A Natália voltou pro mesmo lugar, a janela da esquerda do último banco, e o Ivan foi pro lugar na frente dela. O Luís ficou aguardando que as moças chegassem, com a porta aberta e batendo papo. Quando elas apareceram, 10 minutos depois do combinado, a mal educada entrou primeiro e se acomodou na janela da direita do último banco. Pra quê! O Luís simplesmente olhou pra ela com um olhar assassino e lascou: "Não senhora, quem vai sentar aí sou eu!"

A menina nem questionou, passou pro lugar do meio e ali ficou. O Luís sentou-se ao lado dela e as duas outras amigas ficaram na fileira de bancos do meio da van, sendo uma delas na janela.

Começou o passeio, a Rejane perguntando tudo e mais alguma coisa para o guia e ele informando com a maior boa vontade. Passamos novamente pela Place Vendôme, que à noite é ainda mais chique; pelo Invalides, cujo domo dourado e iluminado parece imagem de conto de fadas; pela pirâmide do Louvre, hoje quase tão característica de Paris quanto a Torre Eiffel; pela ponte Alexandre III toda iluminada, tudo maravilhoso.

Entre as várias informações que o sr. Marques passou, destacou o fato de que Paris é agitada assim em julho não só por conta dos turistas, mas principalmente por ser verão. Durante oito ou nove meses do ano é frio, e no inverno, segundo ele, muito frio, o que faz com que as pessoas evitem circular pelas ruas a não ser em caso de necessidade. Nos três meses mais quentes, o povo aproveita e não quer saber de ir pra casa, por isso o clima de festa permanente que víamos por onde passávamos.

A Gap Girl malcriada, sentada no meio e no banco de trás, não viu praticamente nada. No caso das outras duas, como uma estava na janela, muitas vezes se afastava para deixar a que estava a seu lado ver alguma coisa, mas a mal educada, sentada entre a Natália e o Luís e tendo as próprias amigas mais a Rejane e eu na frente, ficou sem chance de ver qualquer coisa. Até a Natália, que é durona, acabou ficando com pena da moça.

A essa altura estávamos os cinco morrendo de fome, pois a última refeição havia sido o almoço no Quartier Latin, antes da Sainte-Chapelle e da Conciergerie. Ao final do tour o sr. Marques nos deixou na praça da Bastilha, onde há vários restaurantes e lanchonetes que ficam abertos até tarde (já era meia-noite) para que resolvessemos nosso problema.

Entramos em um deles e acabamos pedindo pizza, que era o mais rápido e mais em conta também. Foi uma refeição bem "meia-boca", creio que a pior que fizemos na viagem toda, mas a essa altura nem dava pra reclamar. Voltamos a pé para o hotel - eram uns quatro ou cinco quarteirões - já nos preparando para os passeios do dia seguinte e dando graças por estarmos por nossa conta a partir desse momento, o que nos livraria de aguentar as Gap Girls novamente.

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