Uma delas era feita em madeira e os detalhes da estrutura eram de uma fidelidade absurda em relação a construção real.
Depois de apreciarmos as maquetes em todos os seus detalhes, seguimos para a sala dos tesouros da Notre-Dame. Na verdade, são várias salas, e uma delas reproduz o local onde os religiosos se reuniam para discutir questões internas, toda em madeira escura e entalhada, muito solene. Em vitrines havia trajes e mantos utilizados em ocasião de missas festivas como a da Páscoa e Pentecostes, todos eles bordados em cores vivas e com muitos detalhes em dourado.
Na parte das jóias, uma que chamou bastante a nossa atenção foi a coroa da Virgem. O foco da fotografia realmente deixou a desejar, pois não se podia usar flash, mas não íamos deixar de registrar a peça por causa disso.
E o tesouro mais precioso: um relicário novo para a coroa de espinhos de Cristo, criado com base em desenho de Viollet-le-Duc. A base da peça é sustentada por nove quimeras e, sentados sobre essa base estão Santa Helena segurando a cruz (ela foi a mãe de Constantino, considerado o primeiro imperador romano a se tornar cristão, por influência dela), o imperador Balduíno II, imperador de Constantinopla, segurando o cetro e a orbe nas mãos (foi ele quem vendeu a coroa de espinhos a Luís IX, depois São Luís. Só que ele não está visível na foto) e o próprio São Luís segurando a relíquia. Sobre uma plataforma circular menor que a base ergue-se uma copa circular com as figuras dos doze apóstolos entre espaços fechados com vidro: esse era o local onde a coroa ficava. No alto de tudo, flores de lis, o símbolo da França, decoradas com floreios e pedras preciosas.
Saímos da catedral maravilhados e tão santificados que aproveitamos para ocupar os nichos onde os santos ficavam.
O Ivan bateu a foto porque achou uma falta de respeito o que nós fizemos. Não em relação aos santos ou à religião, mas à construção, a estrutura da Notre-Dame. Porém nenhum funcionário nos impediu e havia várias pessoas tirando fotos no mesmo local, portanto...
Na praça em frente à catedral há uma estátua de Carlos Magno, e o mais curioso é que ele e os outros guerreiros que o acompanham são representados com enormes bigodes gauleses, como os que vemos nos quadrinhos de Asterix e Obelix.
Como estávamos com tempo disponível, resolvemos fazer uma visita à cripta arqueológica da Notre-Dame, cuja entrada fica fora da catedral. As ruínas romanas e restos de habitações medievais que a compõem foram descobertas em 1965, quando a prefeitura de Paris começou a escavar o terreno para construir na praça um parque subterrâneo.
Nessa cripta há ruínas de construções de gauleses e romanos, restos da Paris medieval e vestígios de edificações do século XVIII, mostrando que o local era realmente disputado, tendo se reconstruído sobre si mesmo durante mais de 2.000 anos.
Há restos de uma terma de pequenas dimensões, datada do século IV. O pátio de entrada não existe mais, bem como a sala das caldeiras de aquecimento. Das três outras salas - o frigidarium, o tepidarium e o caldarium - restaram apenas algumas paredes e arcos.
Entre as ruínas medievais há o sótão de uma taverna, construída provavelmente no século XII, quando o bispo de Paris Maurice de Sully deu início à construção da catedral. Foi aberta então uma rua de 6m de comprimento, tamanho pouco comum para a época, traçada de acordo com o eixo da fachada da Notre-Dame, onde devem ter surgido vários edifícios para atender ao público que se dirigia à igreja.
No século XVIII, por razões de higiene e para melhorar a circulação de pessoas e carruagens, muitos edifícios medievais foram destruídos. Além de serem abertas ruas mais largas, também foi construída uma rede de esgotos, cujas ruínas também se encontram na cripta.
Além das ruínas, a cripta conta também com uma incrível maquete da Paris medieval, logicamente que com a Notre-Dame em destaque. Detalhe para a escadinha que sobe do Sena para a alameda ao lado da catedral.
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