domingo, 25 de julho de 2010

Museu de Cluny

Saímos da Saint Séverin em busca de água e banheiro, o que não é tão difícil de encontrar no Quartier Latin, cheio de restaurantes, bistrôs e similares. Refeitos, seguimos para o museu de Cluny, que abriga estruturas de uma terma romana construída no século I e a residência dos abades da ordem de Cluny, edificada no final do século XV, onde se localiza atualmente o museu da Idade Média.

O edifício foi construído com um pátio em torno do qual se estrutura o prédio em forma de U, tudo cercado por um muro. Esse tipo de construção expressa o objetivo da ordem, que era moralizar a Igreja de acordo com as regras que São Bento havia estabelecido no início do século VI, e que trezentos anos depois estavam sendo abandonadas em função do envolvimento dos membros do alto clero nas questões políticas.

Considerado o iniciador do movimento monacal, São Bento havia estabelecido as regras segundo a qual os monges, em sua vida de dedicação a Deus, deveriam viver com base nos princípios de pobreza, castidade, obediência, oração e trabalho, bem como a obrigação de hospedar peregrinos e viajantes em seus mosteiros, dar assistência aos pobres e promover o ensino. Para isso, tornava-se necessária a construção de mosteiros e abadias que possibilitassem aos clérigos viverem sem o contato direto com o mundo, a não ser quando procurados pelos que necessitassem. A ordem de Cluny, fundada em 910, é considerada a sucessora da ordem beneditina.

Entrando no museu temos acesso a uma série de salas com obras criadas entre os séculos XII e XIV, e na sequência, vão sendo expostas peças de épocas anteriores, até chegarmos às antigas instalações das termas, no subsolo.

Há uma sequência de estátuas decapitadas intencionalmente: trata-se do conjunto das estátuas dos reis de Judá que ficava na Notre Dame e que foram de lá retiradas, mutiladas e tiveram suas cabeças enterradas no período da Revolução Francesa.


Percebe-se nas mutilações dos rostos das estátuas o ímpeto anticlerical e a rejeição à Igreja Católica. Essas cabeças foram descobertas casualmente no ano de 1977.


Há inúmeras peças em marfim com delicados entalhes, como uma trompa feita com a presa de um elefante...






... uma arca com cenas de livros de cavalaria...













... um tríptico com cenas da paixão de Cristo na parte superior...











... e um relicário onde se percebe, na parte de baixo, as figuras dos três reis magos - Gaspar, Melchior e Baltasar -, de Maria com Jesus no colo, José e Simeão, devidamente nomeados.







Avançando pelas salas do museu temos uma série de capiteis originais de várias igrejas francesas, com imagens que vão da citação de passagens religiosas, como a tentação de Adão e Eva...







... aos signos do zodíaco, com especial destaque para capricórnio, o signo da editora do blog...






... e gêmeos (signo e ascendente da idealizadora da viagem e ascendente da editora do blog).





Há também frisos com cenas sacras...







... e estátuas de personagens sagrados com os rostos extremamente expressivos.











Para fazer a transição entre todo esse mundo medieval e as termas de estilo romano, temos no frigidarium, a sala dos banho frios, uma maquete do Cluny original.

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