Chegamos ao nosso hotel, da rede "Le quartier". O nosso era o Quartier Bastille e o guia informou que, seguindo a rua para o lado direito, teríamos acesso à linha 8 do metrô que, segundo ele, só serviria pra nos levar até as Galleries Lafayette.
Como essa não era nossa prioridade, ficamos de olho na estação a que chegaríamos seguindo a rua do hotel para o lado esquerdo, que nos levaria à linha 1 e, por meio dela à maioria dos pontos turísticos da cidade.
O funcionário que nos atendeu chamava-se Zehir e foi muito simpático tentando falar um português mais ou menos, enquanto nos virávamos num francês capenga e num inglês razoável. Como ele, muitos dos funcionários que atendem público em lojas, brasseries, restaurantes etc. são imigrantes e sempre dão um jeito de nos entender - assim como nós a eles.
Os quartos eram bonitinhos e pequenos, mas como não pretendíamos mesmo passar muito tempo dentro deles, não houve problema. E caso alguém olhe a imagem e pense "Ah, não é assim tão pequeno", saiba que fiquei grudada na janela pra conseguir tirar essa foto.
Do quarto do hotel telefonei pra Anne, amiga do Vítor (meu filho mais novo) que mora em Paris e havia se colocado à disposição pra nos levar para conhecer a cidade à noite. Só que ela precisava levar um amigo ao aeroporto, e aí o encontro "miou". A essa altura, Rejane, Natália e Luís estavam famintos e eu ainda precisava tomar banho. Os três, então, pra dar um jeito na situação até sairmos pra jantar, disseram que iriam ao Mc Donald's cujo luminoso conseguíamos enxergar da nossa janela no hotel.
Ivan e eu entramos em choque: Mc Donald's no primeiro dia de Paris! Sacrilégio!
Graças à Santa Joana D'Arc, porém, o Mc estava com uma fila muito grande e os três foram obrigados a comer numa brasserie da esquina em frente, onde saborearam um autêntico quiche francês.
Todos cheirosos e de banho tomado, resolvemos ir até a Île St. Louis, que fica "pegada" à Île de la Cité, onde fica a Notre Dame. Essas duas ilhas são a origem da cidade de Paris, lá surgiram os primeiros núcleos de povoamento ainda no período dos celtas. A St. Louis, segundo um dos guias que consultamos antes de viajar, "mantém um espírito próprio e é repleta de mercados, lojas de artigos de arte e restaurantes".
Pra chegar até lá resolvemos caminhar, fazendo um reconhecimento das redondezas. Seguimos pelo Fauburg St. Antoine e achamos ótimo o fato de que a rua tinha muitos restaurantes, lojas de frutas e lanchonetes, tudo com um ar bem familiar e descontraído - o que quer dizer preços acessíveis. Tão acessíveis que os sanduíches com Gruyére ou Camembert eram mais baratos que o Misto...
No caminho também fomos observando a arquitetura do local, que repete o esquema de prédios de apartamentos com janelas praticamente iguais, não é como aqui em São Paulo onde se consegue identificar as janelas da sala, dos quartos e assim por diante.
E eis que, senão quando, demos de cara com a Place de la Bastille: uma praça circular com um novo teatro, Ópera da Bastilha (que os tradicionalistas, amantes do prédio da Ópera de Paris, abominam), um monte de restaurantes, pizzarias e lanchonetes e, em seu centro, um monumento, a Coluna de Julho, em homenagem à revolução de julho de 1830. Que, pra quem não sabe, não tem nada a ver com a queda da Bastilha, que ocorreu em julho de 1789 e deu início à Revolução Francesa.
É assim: o local se chama Place de la Bastille porque lá ficava a prisão chamada Bastilha que, quando foi invadida pelos revolucionários no final do século XVIII, representou o ponto de partida da Revolução Francesa. Mas como esse povo não tem sossego, assim que foi possível os reis retomaram o poder e acabaram com esse negócio de revolução burguesa. Nesse meio tempo, Paris passou por uma série de mudanças e o prédio da Bastilha foi demolido. Só que os burgueses - que na época eram revolucionários - não gostaram nem um pouco do retorno dos reis e da tentativa de se voltar ao sistema de privilégios aos nobres, e aí houve uma sequência de movimentos liberais pela Europa toda: em 1820, 1830 e 1848.
O prédio da Bastilha já não existia, mas o local ainda era reconhecido como o foco original da revolução, portanto, pra homenagear os "novos" revolucionários, o monumento foi erigido na praça.
McDonalds ninguém merece!! Mas os Deuses, sábios, colocaram uma fila para evitar o desastre!! :P Uma vida ruim mesmo esses "sanduíches com Gruyére ou Camembert" a preço de pão com ovo em padarias chiques de sampa... tsc tsc.
ResponderExcluirQue bom que o Luís está seguindo seu (já tradicional) estilo de comentários baseados em observação objetiva empírica detalhada dos fatos!!
Beijos!!
Adorei a "observação empírica detalhada", só faltou um adjetivo: insana!
ResponderExcluirComentário Insano 2: Em relação ao apontamento "Os quartos eram bonitinhos e pequenos", é verdade!!! Eu, por exemplo, por ter sido o último insano a compor a trupe, tive de me contentar em pegar o quarto que havia sobrado, ou melhor, tive de me contentar em ficar com o único cômodo que ainda estava disponível no hotel. Lasquei-me! Fui parar no sótão! Fiquei supermegablasterultra-estressado naquele quartinho de empregada que sobrou para mim. Pois é!!! Um verdadeiro suplício: 1º) aquela camona de solteiro king-emperor-size com molas acolchoadas! (Um verdadeiro trampolim com a garantia de suaves aterrissagens. Tanto é que o povo dos quartos dos andares abaixo nem percebeu a, digamos, entusiasmada movimentação noturna do 7º andar. Bem, ao menos ninguém reclamou... até o momento! Na realidade, a ideia seria a de fazer os saltos na própria banheira, mas o espaço era deveras reduzido para uma prática satisfatória com o impulso ora almejado); 2º) aqueles travesseiros supermacios e confortáveis que eu tive de "encarar" noites e noites; 3º) aquela banheira semi-olímpica com ducha-turbojet-relaxante-manuseável que eu tinha de, diária e obrigatoriamente, por parcos 30 ou 40 minutos, nela submergir à noite (antes de dormir) e pela manhã (ao acordar); e 4º) aquela varanda com mesinha e cadeiras, lá do meu casto e singelo aposento no último andar do hotel, tendo de dar de frente, para onde quer que eu olhasse, com a vista de simétricos telhados, de janelas iluminadas ou das ruas parisienses, naquelas frescas noites/manhãs do verão europeu. Pois é!!! Fazer o quê, né??? Falta de planejamento pode dar nisso.
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